segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Livro: Psicose - Aberturas da Clínica


Os textos que compõem este livro se reúnem em torno do princípio que orienta a direção da cura na psicose: construir uma significação para o sujeito psicótico e assim abrir a possibilidade de sua inserção social. São 18 psicanalistas que relatam sua experiência com pacientes, mostrando, através de casos reais, as diversas manifestações da Psicose as abordagens seguidas no tratamento da doença.

FILME: TEMPLE GRANDIN


Longe de ser dramalhão biográfico cheio de clichês, Temple Grandin emociona, diverte e reconta uma história incomum, cujo final feliz depende, exclusivamente, dos resultados obtidos por uma autista que se tornou Doutora e expandiu horizontes para milhares.Quando Temple Grandin se vê diante de um estímulo, ela responde de forma diferente que eu ou você. Sua mente busca referências, mostra imagens e exemplos concretos do assunto tratado, seja uma mera menção a sapatos ou a mecânica envolvida no ato de se abrir um portão. Sua mente funciona de forma concreta, logo, evoluiu na direção da obtenção de resultados como conclusão de qualquer idéia. Ela é incapaz de abstrair. Ela é uma respeitada especialista na engenharia agropecuária. Ela é autista. Diagnosticada com autismo em meados da década de 50, quando ser autista significava ser internado sem expectativas de melhora, a Dra. Temple Grandin trilhou um caminho improvável(...) FILME E DISCUSSÃO DIA 09/09/11 na SIG com a psicanalista Rosane Padilla.

A Psicanálise do Autismo


Convido a quem possa interessar-se a participar deste aprendizado teórico e clínico. A coordenação acontecerá pela Dra. ROSANE PADILLA (minha tia) psicanalista com mestrado e doutorado direto da França.

Para explicar melhor o material a seguir: a produção clínica não é obrigatória e sim um "plus" para quem puder e quiser se beneficiar da publicação de um caso clínico.

Quem se interessar e quiser mais informações pode ligar direto para SIGMUND FREUD ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA (51- 3062-7400).

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Os sonhos

Hoje no seminario de Tecnica Psicanalitica conversavamos sobre sonhos, sobre como leigos estao vendo a psicanalise, o uso do diva, enfim. E nisto a Silvia Brandao (coordenadora do seminario) nos mostrou um texto muito bem escrito por um leigo. Fiquei com vontade de publica-lo aqui para deixa-lo mais acessivel a quem interessar.

Duas noites atrás eu sonhei com a Gisele Bündchen. Não havia no sonho, juro, nada que não pudesse ser contado num almoço de família, mas, mesmo assim, ele me causou vergonha: por que um homem adulto sonharia com a modelo mais famosa do planeta? Não parece coisa de adolescente ou de leitor de revista de mulher pelada?

Como ontem era dia de análise, levei o assunto para a minha psicanalista. Ela ficou instantaneamente interessada. Quis saber detalhes, sensações e ideias que haviam me ocorrido ao despertar. Meu embaraço com a situação, que persistia desde que eu saí da cama, foi dando lugar à impressão de que, bolas, talvez houvesse algo ali além da revelação de que funciona no meu cérebro um canal clandestino do E! Entertainnment.

Ao final, falamos boa parte da sessão sobre o tal sonho. A conclusão foi que havia nele uma manifestação de contentamento comigo mesmo. Explico.

Para além da sua existência real, como pessoa, a gaúcha de Horizontina – que, aliás, fez 30 anos no último dia 20 de julho - tornou-se um símbolo de beleza, feminilidade e fortuna. Sonhar com ela, num contexto agradável, equivale a sonhar que você está dirigindo um carro conversível numa estrada da Provença: denota tranqüilidade, confiança e sugere que você não deixou de ambicionar coisas legais. Pelo que, entendi, é uma espécie de “Yes, you can” gritado lá do fundo do inconsciente.

Fiquei contente com essa interpretação. Ao contrário das pessoas que viraram as costas para Freud – ou que nunca souberam das suas teorias – eu acredito que os sonhos me contam coisas que eu não sabia sobre mim. Eles revelam ou explicitam estados de espírito. Eles trazem memórias submersas, pescadas pela rede das emoções recentes. Eles abrem portas para pedaços inconscientes da minha mente aos quais eu não teria acesso de outra forma. Sonhar é conversar comigo mesmo, algo que nem sempre é agradável, mas frequentemente é util.

Uma das coisas que eu não tenho feito, mas já fiz, com grande proveito, é tomar nota dos sonhos enquanto eles ainda estão frescos na memória. Depois de um tempo fazendo isso, a gente se acostuma a memorizar, anotar e refletir. Com auxílio do analista, ou mesmo sem ele, passamos a interpretar aquele material incoerente e desconexo. Aos poucos ele ganha sentido e nos põe em contato com sentimentos e sensações menos óbvios.

Ao incorporar o inconsciente, através do sonho ou da análise, a vida ganha outra dimensão existencial, que eu comparo ao mergulho submarino. Quem vai à praia e nunca mergulhou desconhece aquela vastidão submersa na qual um mundo inteiro coexiste em silêncio com o mundo da superfície. Fazer análise é como mergulhar no oceano interior: acrescenta uma nova e vasta dimensão à nossa realidade.

Nem todo mundo concorda com isso, claro.


Tive namoradas que me davam vontade de segurar pelo pulso e arrastar ao consultório mais próximo, tamanha e tão óbvia a necessidade que elas tinham de tratar suas dificuldades interiores. Tenho amigos e conhecidos a quem uma ou duas consultas semanais fariam muito bem, mas eles juram que não é o caso. E não se trata somente de dinheiro. As pessoas têm objeções intelectuais e resistências emocionais à análise. E muitos foram contaminados pela ciência meia boca que circula por aí decretando a morte da psicanálise – e a sua substituição pelo vácuo mais atroz e mais absoluto.

Se você está em depressão ou com síndrome de pânico, alguém vai lhe oferecer um remédio. É bom que o faça. Os remédios ajudam. Mas o que a ciência oferece antes ou depois disso? Quando você está “apenas” angustiado, infeliz ou perdido, o que a psiquiatria tem a dar? Uma pessoa que não acha graça na vida, no corpo ou no convívio com seus semelhantes faz o quê, toma pílulas? Eu acho que não.

Para quem não está doente, para os bilhões de neuróticos normais do planeta, a terapia pela palavra ainda é a forma mais eficaz (senão a única) de tratamento. Ou ao menos de autoconhecimento.

Se dependesse de mim, todo mundo ganharia na adolescência um voucher com direito a duas horas de análise semanal por 10 anos, passível de renovação. Acho que o mundo seria um lugar melhor. Nele, as pessoas poderiam acordar acabrunhadas com um sonho, levá-lo ao analista e descobrir, pelo processo de análise, que não havia ali motivo de vergonha, mas, sim, para celebração. Será que existe algo mais necessário do que livrarmo-nos das nossas vergonhas íntimas?

(Ivan Martins, Jornalista da revista EPOCA)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Analista

“Ao analista algo também deve lhe faltar, pensamentos que somente estando sob esta lógica, a da castração, que ele poderá fazer o deslocamento necessário para assumir o verdadeiro lugar de analista que cada analisante na sua subjetividade e pela transferência demanda” (Giacomoni, 2009, p. 27).
A formação do analista é um processo interminável, não só porque exige leitura e estudos constantes para o resto da vida, mas porque também há um processo de formação no próprio trabalho clínico o tempo todo.
Aprecio a maneira em que a autora Fuks (2007) menciona o texto de Philippe Julien ao propor que a transmissão da psicanálise consiste na instauração de duas passagens: uma do analisando, que se torna analista em sua prática; outra do analista, que se torna analisando em público, isto é, quando dá conta do saber psicanalítico num lugar de comunicação e partilha.

ELASTICIDADE CRIATIVA DA ESCUTA

“A originalidade da escuta psicanalítica consiste nesse movimento de vaivém que faz a ponte entre a neutralidade e o engajamento, a supressão de orientação e a teoria. (...) Desse deslocamento (...) nasce, para o psicanalista, algo como uma ressonância que lhe permite ‘prestar ouvido’ ao essencial: o essencial sendo não deixar passar desapercebido (...)” (Barthes,1990,p223). “O acesso à insistência singular e muito sensível de um elemento maior de seu inconsciente. O que é designado como um elemento maior que se entrega à escuta do psicanalista é um termo, uma palavra, um conjunto de letras que remetem a um movimento do corpo: um significante” (Barthes, 1990, p. 226).
Escutamos o mistério, o enigma a ser decifrado. Refletindo a respeito da citação mencionada, me arrisco a uma breve comparação entre a escuta analítica e a brincadeira infantil de esconde-esconde: o analista deve se fazer presente na ausência, onde o “timing” da sessão fala mais alto. Freud marca a escuta analítica como a “comunicação entre inconscientes”. Enquanto Nasio (1999) fala do encontro íntimo entre a “escuta do não dito”. A especificidade da escuta psicanalítica se dá principalmente pela escuta do inconsciente e pela interpretação.
(Aline Padilla)

A Contrução da Clínica Psicanalítica

A construção da clínica se dá junto com a nossa construção pessoal, o inconsciente do analista é seu mais precioso instrumento de trabalho. O êxito do ato psíquico exige um conhecimento preciso da historia do paciente, uma longa formação clínica e, sobretudo, uma análise pessoal. Concordo com a seguinte colocação de Giacomoni (2009, p. 23): “A clínica atual tem nos mostrado que não podemos amarrar a teoria no analisante, pois é somente através da vivência e dos questionamentos da clínica que avançamos no entendimento da teoria freudiana e contemporânea”. Em concordância com a autora, acredito que a clínica psicanalítica seja singular neste sentido, pois cada paciente que nos procura nos força a deparamo-nos com o novo, o desconhecido.
(Aline Padilla)