“A originalidade da escuta psicanalítica consiste nesse movimento de vaivém que faz a ponte entre a neutralidade e o engajamento, a supressão de orientação e a teoria. (...) Desse deslocamento (...) nasce, para o psicanalista, algo como uma ressonância que lhe permite ‘prestar ouvido’ ao essencial: o essencial sendo não deixar passar desapercebido (...)” (Barthes,1990,p223). “O acesso à insistência singular e muito sensível de um elemento maior de seu inconsciente. O que é designado como um elemento maior que se entrega à escuta do psicanalista é um termo, uma palavra, um conjunto de letras que remetem a um movimento do corpo: um significante” (Barthes, 1990, p. 226).
Escutamos o mistério, o enigma a ser decifrado. Refletindo a respeito da citação mencionada, me arrisco a uma breve comparação entre a escuta analítica e a brincadeira infantil de esconde-esconde: o analista deve se fazer presente na ausência, onde o “timing” da sessão fala mais alto. Freud marca a escuta analítica como a “comunicação entre inconscientes”. Enquanto Nasio (1999) fala do encontro íntimo entre a “escuta do não dito”. A especificidade da escuta psicanalítica se dá principalmente pela escuta do inconsciente e pela interpretação.
(Aline Padilla)